quarta-feira, 8 de outubro de 2008

É só uma hipótese...

Bem, vou fazer uma pausa em Platão para discutir uma idéia que me surgiu em meio a uma aula de Estética (Estética, disciplina filosófica e não estética facial rsrsrs).
Estávamos discutindo sobre a obra de arte e a mudança que aconteceu desde o modernismo até a contemporaneidade. O modernismo tinha como proposta "estetizar" a vida no sentido de tornar a obra de arte acessível a toda a população; de fato o projeto moderno se concretizou... o "design" cumpriu esse papel: hoje em dia a "obra de arte" na forma de design pode ser comprada nas lojas de roupas, acessórios, móveis, casas e até nas embalagens de produtos à venda nos supermercados. Praticamente tudo tem design. Mas qual a conseqüência disto? A obra de arte perdeu sua substância, perdeu sua assinatura ou autoria. Quem é o autor daquela embalagem bonita de iogurte? Ninguém sabe. Não que a embalagem seja em si uma obra de arte, mas há uma intenção estética artística no desenho daquela embalagem.
Quanto à substância, a obra de arte tinha uma intenção, tinha uma proposta em geral descrita num manifesto. O design tem tão somente a proposta de ser agradável aos sentidos...
Agora... indo mais no âmago ainda da questão estética: alguém já parou para pensar por que adoramos determinados objetos? Por que desejamos ter determinada roupa ou carro? Alguns poderiam afirmar que desejamos ter uma roupa para nos proteger do frio e um carro para facilitar nossa locomoção. Certo, mas alguém me explica por que queremos comprar um enfeite de mesa ou de parede que não tem nenhuma utilidade a não ser "enfeitar"(ou enfeiar rsrsrs) o ambiente? Bem, meus leitores assíduos já sabem que minhas reflexões freqüentemente me levam ao tempo das cavernas...
Antes disso, convido o leitor a voltar seus olhos para o mundo animal: os adornos são usados por diversas espécies nos rituais de acasalamento. Por exemplo, certas espécies de pássaros buscam materiais na natureza tais como pedrinhas, plantas, sementes para embelezar seus territórios e atrair um parceiro. Ora... nosso amigo (ou amiga) das cavernas também devia ter sua estratégia de embelezamento para atrair (e manter) um parceiro... parte dessa estratégia devia ser manter em seu poder objetos esteticamente atraentes, ornamentos... Alguns afirmarão que tal estratégia ainda hoje se faz presente nos salões de beleza, spas, clínicas de cirurgia plástica e por aí vai - bem menos rudimentar evidentemente. Mas como é que o objeto artístico saiu (se é que saiu) desta motivação tão basal que é a reprodução da espécie, para ganhar ares de sofisticação social, capitalista, multimídia?
Explico: hoje em dia é como se a produção em massa de produtos de design, esvaziassem o sentido original da posse de tais objetos; antes, basal de manutenção da espécie mesmo e hoje, superficial da imagem e da aparência... mas no fundo o que queremos quando desejamos um objeto de arte? Qual a motivação mais profunda desse desejo? A minha hipótese é que no fundo, no fundo, a nossa motivação ainda é basal; sem saber conscientemente, sem buscar isso intencionalmente... os nossos genes nos impelem a atrair o olhar do outro.

Um comentário:

Mônica Berimbau disse...

Essa é boa pro Mauro discutir!!
rsrrsrs
bjus